terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Entrevista ao Presidente da Camâra Municipal do Crato


Curso de Educação e Formação de Adultos Crato – 2009/10
Operadores de Sistemas Informáticos

ENTREVISTA

ENTREVISTA AO DR. JOÃO TERESA RIBEIRO, PRESIDENTE DA CÂMARA DO CRATO, REALIZADA NO DIA 19 DE NOVEMBRO DE 2009, COM O OBJECTIVO DE CONHECER ALGUNS EIXOS DE INTERVENÇÃO DA ACTUAL GESTÃO DA CMC PARA OS PRÓXIMOS QUATRO ANOS.



Neste início de mandato, quais lhe parecem ser os eixos de acção/intervenção prioritária da Câmara Municipal do Crato (CMC) para os próximos quatro anos?

Alguns dos grandes problemas do concelho do Crato estão relacionados com o desemprego, a habitação e as empresas. Por isso, a nossa intervenção vai ser orientada para essas áreas e para esses eixos de intervenção. Vamos apresentar muito brevemente as Grandes Opções do Plano, onde vão constar a estratégia para ajudar a promover o desenvolvimento do Concelho do Crato.

A população do concelho do Crato era, em 1960, de 8.642 habitantes. Cerca de 20 anos depois, em 81, o número de habitantes já era de 5.642, ou seja, menos 3000 pessoas. No último senso de 2006, a população do concelho era apenas de 3.835 habitantes. O Sr. tem, com certeza, conhecimento desta redução acentuada e continua da população.
O que pretende fazer, durante o seu mandato, para fixar a população ou até inverter esta situação?

O problema do despovoamento do nosso Concelho é um problema que, infelizmente, diz respeito a todos os concelhos do interior do nosso País, quer ao Alentejo, quer às Beiras e a Trás-os-Montes. Tal problema tem a ver com as políticas realizadas pelos diferentes Governos, ou seja, não implementaram verdadeiras políticas de promoção de emprego e de correcção das desigualdades regionais, acentuando, por isso, os processos de não fixação das populações nas regiões do interior. Relativamente ao nosso concelho, a aposta continua a ser tentar influenciar e ganhar empresas a instalarem-se no nosso Município, o que não é tarefa fácil.
Vamos também solicitar a intervenção do próprio Governo na resolução de tais problemas. Há projectos importantíssimos para o nosso concelho como, por exemplo, o projecto da Barragem do Pisão, que é fundamental para fomentar e dinamizar o desenvolvimento do concelho do Crato, do distrito de Portalegre e da região. É um projecto que tem que ser executado pelo Governo, independentemente do partido que esteja no Governo. É um projecto que irá merecer uma atenção muito especial, visto que pode contribuir efectivamente para travar e inverter os processos de atraso económico, de despovoamento, de desemprego e de envelhecimento que nos afecta negativamente.
Os nossos escassos recursos financeiros vão ser investidos para que possamos enfrentar e travar o despovoamento no nosso concelho.
Para combater o problema do despovoamento do nosso concelho, a Câmara irá também disponibilizar lotes a preços acessíveis a todas as pessoas nomeadamente a jovens que queiram construir a sua própria habitação e fixar-se no nosso concelho.

Sr. Presidente, e o apoio à natalidade? Não lhe parece que seria uma boa estratégia a implementar para fixar a população mais jovem?

Penso que sim, mas devo dizer que a CMC tem as suas responsabilidades legais. Muitos problemas que existem no nosso concelho, e que são colocados, não são da responsabilidade da Câmara Municipal, são da responsabilidade do governo, o que não significa que a Câmara não dê apoio. Vamos tentar melhorar esses apoios às famílias, para que elas possam viver melhor e também dar apoio à própria natalidade.


O concelho do Crato é riquíssimo em Património. Tal como consta na página da internet do município “O Crato não é uma vila em vão – há nela qualquer coisa que cativa quando se a percorre no seu silêncio artístico e se termina ao lado das suas gentes”. Que intervenções ou que programas estão inseridos no âmbito da preservação do nosso património?

No âmbito do Património, o que está previsto é a dinamização do turismo e, por isso, estamos a realizar alguns estudos nesse sentido, para aproveitar tudo aquilo que o nosso concelho tem em termos de Património. É uma actividade que nós vamos tentar melhorar, para que se possa melhorar a vida de todos aqueles que aqui vivem e trabalham. Algumas obras já estão em curso e outras em preparação. Estamos a estudar as áreas em que devemos intervir, no sentido não só de preservar o nosso Património, como também de valorizá-lo e utilizá-lo em prol da comunidade. É essa a nossa intenção e é nesse sentido que vamos continuar a trabalhar. Como sabem, há pouco mais de um mês que tomámos posse, por essa razão estamos agora a planear todo o nosso trabalho, para desenvolvê-lo em benefício do progresso e da dignificação do nosso concelho.

Que medidas se propõe para promover o turismo?

Relativamente ao turismo, vamos facilitar todos aqueles que queiram investir no nosso Concelho. Já começaram a aparecer alguns investidores. Pretendemos dinamizar aquilo que temos, o que implica estudar devidamente as formas de actuação nesta área importantíssima do desenvolvimento do nosso território.

Relativamente ao problema do desemprego, que medidas de combate pretende a CMC implementar?

Como tenho referido ao longo desta entrevista, muitos dos problemas mais graves que nós temos, e que não são só do Concelho do Crato, mas também dos outros concelhos do interior do País, são problemas que terão que ser resolvidos, repito, pelo Governo, visto que nós não temos meios financeiros nem competências legais para os resolver, que afectam negativamente a vida da maioria das famílias do concelho.
Vamos tentar, mais uma vez, reivindicar do Governo políticas activas de promoção do emprego e também mais meios para tentarmos atrair empresas para o concelho. Estas são algumas das medidas que pretendemos tomar.
Ao mesmo tempo, vamos trabalhar para que os trabalhos e obras da Câmara sejam realizados por empresas do concelho, que é uma forma de também garantir postos de emprego às pessoas. Só devemos dar determinados serviços e obras a empresas fora do concelho ou do distrito, se não houver cá as empresas qualificadas para os prestar e executar.
Sei que algumas medidas são insuficientes para resolver o problema do desemprego, um problema bastante grave. Praticamente todos os dias vêm pessoas pedir trabalho à Câmara e a Câmara não pode resolver, de facto, esse grave problema das famílias, porque esta questão está relacionada com os meios financeiros que temos. Nós temos cerca de três mil e quinhentos habitantes no nosso concelho e os funcionários da Câmara já são mais de cem. Ora, por cada trabalhador da Câmara, há cerca de trinta habitantes, por isso temos que ter em conta esta situação.
A Câmara não condições para combater e resolver este gravíssimo problema que afecta a vida das famílias do nosso concelho. Logo, temos que nos socorrer de outras instituições e apelar à sua compreensão para ajudar a combater este grave problema. Muitas famílias e jovens são obrigados a sair para outros concelhos do nosso país e muitos até para o estrangeiro, para poderem ganhar a sua vida.

Que actividades e programas pretendem implementar para promover a qualidade de vida dos habitantes do concelho?

Não há qualidade de vida se as pessoas não tiverem trabalho, esta condição é fundamental, sobretudo para os jovens. Estamos a tomar algumas medidas, nomeadamente, na área do abastecimento de água. Até há pouco tempo, temos consumido água que não tinha as condições de qualidade previstas na lei para ser consumida. Por isso já tomámos providências e medidas para que a empresa Águas do Norte Alentejano abastecesse o concelho do Crato, o que veio melhorar consideravelmente a qualidade de vida das populações, porque, a partir de agora, já podem beber água de qualidade das torneiras das suas habitações o que não acontecia há muito tempo. Segundo foi informado, o abastecimento de água de qualidade às populações já está a ser feito através das Águas do Norte Alentejano, em todas as freguesias à excepção das freguesias do Monte da Pedra e da Aldeia da Mata, onde se estão a fazer as obras necessárias para se poder fazer a ligação e posteriormente o respectivo fornecimento. Temos também o caso do Pisão, que ainda não está resolvido, mas que pretendemos resolver. A questão da água vai melhorar, de facto, a qualidade de vida das populações, mas é apenas um dos aspectos da qualidade de vida.
Mas, o mais importante para a qualidade de vida é a questão do emprego, que não está resolvido.
Vamos ainda trabalhar para resolver o problema do tratamento dos esgotos, que em algumas freguesias ainda não está resolvido. Como nós sabemos, há esgotos que contaminam as águas dos poços e as águas de ribeiras, prejudicando o meio ambiente e a saúde pública e, consequentemente, a qualidade de vida das populações.

O Sr. Presidente pretende ajudar os jovens desempregados e estudantes e dar continuidade à dinâmica jovem?

A Câmara Municipal do Crato não pode, de facto, resolver os problemas dos jovens, como alguém quis dar a entender. A Câmara não tem possibilidades financeiras para resolver os seus problemas e quem diz o contrário mente. Estou aqui para ajudar os jovens, mas não para os enganar e criar falsas expectativas. Os problemas do nosso concelho têm a ver sobretudo com o problema do desemprego quer dos jovens, quer dos menos jovens, não temos capacidade financeira para o superar. No entanto, vamos fazer o melhor que pudermos e é para isso que estamos a trabalhar, mas não gostaria de criar expectativas falsas, dizendo que vamos resolver o problema dos jovens, porque não vamos, no sentido em que não temos meios, nem responsabilidades legais e condições para o fazer.
Gostaria de dizer uma coisa que não disse ainda. As Câmaras Municipais do nosso País gastam menos de 2% do Orçamento do Estado de 2009. Os outros 98% são gastos pelo Governo. Ora, não se pode exigir às Câmaras Municipais, e eu estou a falar não só na do Crato, mas de todas, que resolvam este problema com 2% do Orçamento do Estado, não devemos esquecer que a grande parte dos meios financeiros do País são gastos pela Administração Central, ou seja, mais concretamente pelo Governo, é este que tem a responsabilidade legal de resolver os graves problemas que afectam o País e o nosso concelho, incluindo os problemas dos jovens. Seria bom que a Câmara Municipal do Crato tivesse condições para resolver o problema dos jovens, mas não temos.
No entanto, tentaremos fazer o melhor e é isso que vamos fazer, nomeadamente tentando ajudar a criar alguns empregos e colocando lotes de terreno a preços abaixo do seu custo real. É isso que vamos fazer, mas saliento e repito: a Câmara não tem condições para resolver o problema dos jovens, mas faremos o nosso melhor.

Que mensagem gostaria de deixar aos cidadãos do nosso concelho?

Gostaria de referir que todos nós somos necessários para resolver os problemas do nosso concelho e que devemos ter uma conduta positiva, relativamente ao futuro, não devemos desanimar. Temos que trabalhar e lutar para alterar as nossas condições de vida e exigir a quem tem o dever legal que resolva também os problemas. Não se pode ficar parado e nem se pode ficar à espera que os outros resolvam os nossos problemas. Devemos tomar a iniciativa e todos devemos fazer o melhor para alterar positivamente a nossa vida e a vida dos outros seres humanos.
A mensagem que eu gostaria de deixar, em suma, é que é possível transformar o mundo; é possível melhorar a vida de cada um de nós; é possível repartir melhor a riqueza criada no nosso País que, infelizmente, sabemos que está muito mal distribuída; é possível, de facto, termos uma vida melhor… se aqueles que estão a governar o País tivessem uma conduta diferente daquela que têm tido e, teríamos, certamente, uma vida melhor.
É esta mensagem positiva que deixo aos cidadãos do nosso concelho. Que ninguém baixe os braços, para que possamos transformar o nosso concelho num concelho melhor e com mais alegria.
Trabalho realizado por: Ana Isabel, Ana maria, Rosa Clara, Jesus Chambel

ENTREVISTA AO DR. HÉLDER SERRA - UNIVA




Curso de Educação e Formação de Adultos - Crato - 2008/10
Operadores de Sistema Informáticos



Entrevista realizada ao Dr. Hélder Serra, no dia 17 de Novembro de 2009, com o objectivo de adquirir alguma informação sobre os projectos realizados no Concelho do Crato, em que a UNIVA é responsável e/ou parceira.



No âmbito do apoio a jovens desempregados, que esforços têm sido encetados ao nível do contacto com entidades empregadoras ou instituições de ensino/formação?

Temos feito visitas a entidades empregadoras, a fim de angariar ofertas de emprego, bem como com várias instituições de formação e ensino. Trabalhamos com o Cefasap, escolas profissionais, a Euroconsult, a ADI-TC, entre outras.

Quais os procedimentos que um desempregado deve ter para proceder à sua inscrição na plataforma da UNIVA?

Basta ir à Univa, trazer o Bilhete de Identidade, o cartão de contribuinte, o certificado de habilitações e outra documentação necessária.

A UNIVA realiza sessões de “Técnicas de procura de emprego”. Com que frequência e onde se realizam essas sessões?

As sessões são realizadas na Univa e também no Centro de Emprego. São realizadas quando a animadora da Univa considera necessário.

Haverá disponibilidade para a realização de uma dessas sessões para o grupo de formandos/ desempregos a que pertencemos?

Sim, claro, com certeza que sim.
Trabalho realizado por:
Helena Rosa
Fátima Caetano
Marisa Matos

Entrevista ao Presidente da Junta de Freguesia do Crato



Curso de Educação e Formação de Adultos - Crato - 2008/10
Operadores de Sistema Informáticos



Entrevista com o Presidente da Junta de Freguesia de Crato e Mártires, Sr. José António Belo, com o objectivo de conhecer as principais preocupações e eixos de actuação da Junta de Freguesia do Crato.


P: Sabendo que o Crato tem um Património rico em monumentos de grande valia, qual é, no seu entender, o papel da Junta de Freguesia na preservação do património?

R: A Junta de Freguesia não tem muito a ver com o património. Essa é uma área mais do âmbito da Câmara Municipal. Mas vamos contribuir para que o património seja mantido, para a preservação dos monumentos e conservação das pinturas…

P: Sabemos que há um problema de despovoamento das aldeias do interior. No concelho do Crato, havia, em 1960, 8642 habitantes e, em 1981, a população era de 5642. Houve, portanto, uma diminuição de 3000 habitantes. Já no senso de 2006, os habitantes eram apenas de 3835.
A que pensa que se deve esta diminuição drástica dos habitantes, esta fuga das pessoas da vila.

R: Esta fuga deve-se à falta de emprego e as pessoas, sem emprego, têm que ir para os grandes meios. Aqui as condições não são as melhores, porque o emprego é precário, não há fábricas. No concelho do Crato temos apenas instituições como a Câmara Municipal e pouco mais…

P: O que pretende fazer a Junta de Freguesia para inverter esta tendência e contribuir para fixar a população?

R: Não é fácil ser uma Junta de Freguesia, tentar fixar a população… Embora possa ponderar oferecer condições aos seus fregueses…

P: Em relação ao apoio às Colectividades e às Associações, sabemos que a Junta de Freguesia tem ajudado monetariamente as associações de apoio aos jovens e idosos. Gostaríamos de saber se pretende continuar com esses apoios neste mandado?

R: Sim, temos que manter os apoios às colectividades e às associações, porque sabemos que estas instituições vivem com dificuldades. As pessoas, por vezes, julgam que a Junta de Freguesia está mais desafogada, mas não é o caso. Temos que gerir a Junta de Freguesia quase como gerimos a nossa casa. No entanto essa matéria é importante. As associações e colectividades precisam dos apoios, quer da Junta de Freguesia, quer da Câmara Municipal, quer de outras entidades.

P: Relativamente à descentralização de serviços, para quando está prevista a abertura das novas instalações da Junta de Freguesia no Pisão e em que moldes funcionará?

R: A abertura das novas instalações da Junta de Freguesia no Pisão pode ser feita a qualquer momento, uma vez existem as instalações. Isso está realmente no nosso programa.

P: Em relação aos equipamentos sociais, que tipo de intervenção está prevista para a antiga escola do Monte da Velha?

R: A antiga escola de Monte da Velha é um edifício que está cada vez mais degradado e, por isso, era nossa ideia, com a colaboração da Câmara Municipal, darmos-lhe uma nova vida. Gostávamos que fosse arranjada e pintada, de forma a colocar lá umas mesas, alguns jogos para os idosos, ou algo mais e, depois, claro, com o andamento da situação, logo se via qual era a outra hipótese, até inclusivamente para a realização de eventos como por exemplo baptismos e aniversários…

P: Relativamente à igreja da Sra. das Mártires, prevê-se alguma intervenção no âmbito da sua conservação?

R: Relativamente à Igreja da Senhora das Mártires, todos os anos é feita a sua limpeza, a pintura e o arranjo do espaço envolvente, para a realização da festa e da procissão. E há dois anos, foi feita uma pintura total, de alto a baixo do edifício.

P: Sr. Presidente, sabemos que tem feito um trabalho exemplar em relação à limpeza e preservação das fontes. Pretende continuar com a limpeza das mesmas como tem feito até aqui?

R: A limpeza e pintura das fontes é da nossa área de competência e, como tal, vai sempre ser efectuada, como foi até aqui.

P: E pretende, ainda, continuar a proceder com as análises periódicas às águas?

R: A questão das análises periódicas às águas não tem sido do nosso âmbito. Quem tem realizado as análises das águas tem sido o Centro de Saúde, pois trata-se de um assunto da sua competência.

P: Por último, em relação à Cultura e ao Desporto, considera importante não deixar acabar as nossas tradições antigas, como os jogos tradicionais, os espectáculos, os convívios… E, principalmente, fomentar a sua prática junto das camadas mais jovens da população?

R: Nós, todos os anos, temos mantido os jogos tradicionais. Para o ano de 2010, já está agendada a realização, dia 11 de Abril, dos jogos tradicionais, a nível de distrito. O ano passado, foram também realizados os jogos a nível de concelho, o que foi muito engraçado é uma brincadeira diferente. Embora os jogos a nível de distrito também sejam interessantes, penso que, ao nível do concelho, são mais engraçados, pois as pessoas conhecem-se melhor umas as outras.

Trabalho Elaborado Por:
Alexandra Louro
Maria Oliveira
Otede Felizardo

ENTREVISTA AO SR.Pe. PAULO DIAS


Entrevista ao Sr. Padre Paulo, realizada no dia 20 de Novembro de 2009.
O Padre Paulo é, há algum tempo, pároco nas paróquias do concelho do Crato e Alter do Chão e recebeu, recentemente, o título de “Monsenhor”, atribuído pelo Papa Bento XVI.

Que motivos o levaram a optar pela vida do sacerdócio?

O sacerdócio é uma descoberta… Da vida, de mim próprio, das minhas convicções… No dia-a-dia, a vida vai-nos dizendo aquilo que verdadeiramente nos realiza enquanto pessoas e, no sentido da fé, como cristãos. A experiência de ser cristão foi-me dando orientação para assumir a vocação da consagração ao sacerdócio, como padre. Não foi um chamamento, extra ou sobrenatural, como às vezes as pessoas entendem este chamamento. A vocação é uma vivência, é um contexto em que se nasce… Vai-se vivendo e vai-se descobrindo… Vai-se percebendo e vamo-nos questionando e, assim, respondendo afirmativa ou negativamente…
Eu respondi afirmativamente e sinto que foi, de facto, uma escolha que me tem realizado, que me tem dado muitas razões para sentir que foi uma boa escolha, uma boa opção.

Há quanto tempo exerce o sacerdócio e quais as paróquias que já teve a seu cargo?

Sou padre há quinze anos. Fui ordenado padre no dia 9 de Outubro de 1994, na Sé de Portalegre, mas já estava nas paróquias da Sé e de São Lourenço, que funcionavam como uma só unidade pastoral, onde eu era vigário paroquial, que é uma espécie de colaborador do padre, que era, à época, o Padre Nuno, estando eu e o Padre Américo como vigários paroquiais… Esta foi a minha primeira experiência como padre na pastoral. Depois, passados quatro anos, vim para Alter do Chão com outro colega mais novo que eu, onde estivemos cerca de três anos, com as paróquias de Alter do Chão, Seda, Chança, Cunheira e Cabeço de Vide.
Nessa altura, também assumi as aulas de Religião e Moral na escola, onde tive quatro anos, mas, entretanto, fiquei sozinho… Ainda tentei conciliar tudo, mas não foi possível e fiquei só com as paróquias. Entretanto veio o Padre Rui e assumimos também as paróquias de Crato, Flor da Rosa e Aldeia da Mata com o lugar do Pisão.

O Sr. recebeu, recentemente, o título de “Monsenhor”. Explique-nos, s.f.f., do que se trata exactamente?

O título de “Monsenhor” é essencialmente um título honorífico que é atribuído pela Santa Sé, a pedido do Bispo da diocese. É um título atribuído em consequência da vontade do Bispo de distinguir alguém com quem se sente satisfeito. É um reconhecimento pessoal… Mas, na verdade, não me acresce em nada de extraordinário. Ser “Monsenhor” acaba por ser “responsabilidade”. É isso… o Sr. Bispo achou por bem que o Padre Paulo, para além de Padre, fosse também nomeado “Monsenhor”…

Como se sente, então, como “Monsenhor”?

Pois sinto-me igual! Era bom que também não houvesse confusões pelo facto de o título indicar “Capelão Particular ou privado do Bento XXVI”. Quer dizer, é um pouco daquilo que se trata… um título. Não é propriamente que o Papa tenha sequer conhecimento, apesar de ser dado pela Santa Sé, em seu nome… trata-se apenas de um título formal.

Tem hobbies? O que gosta de fazer nos tempos livres?

Gosto de fazer muita coisa, embora não tenha muito tempo. Gostava muito de jogar à bola, mas, depois de uma operação que fiz a um joelho, fiquei um pouco limitado, o que coincidiu com o tempo de estudo de seminarista e a entrada na vida, já mais ocupada, de padre. Portanto, esta situação quebrou-me a prática desse hobby. Mas, sempre que posso, ainda dou uma queda livre.
Também gosto muito de cinema. Tenho uma boa colecção de vídeos e de livros, pois também gosto muito de livros, embora os tente escolher de acordo com os interesses vida de Padre, porque há muita literatura que temos que ler necessariamente e, por isso mesmo, ocupo muito tempo a ler e estudar também.

Tem algum livro ou alguns livros preferidos?

Sim… Aqueles que são clássicos, por exemplo “O Principezinho” que, de facto, é um livro muito bonito… É desses livros que se lê e se gosta. Há muitos livros que gosto e leio, sempre que posso… Gosto de Paulo Coelho, Saramago… Vou lendo um pouco de tudo… Não gosto particularmente de aventura, mas de romances históricos gosto e vou lendo.

Qual é o livro que tem em cima da mesa-de-cabeceira?

Tenho um livro cujo autor não é muito conhecido, “As velas ardem até ao fim” é de um Nobel que é recente mas não me recordo do nome…

Recentemente, assistimos, na actualidade cultural do nosso país, a uma grande polémica em redor das declarações do escritor José Saramago em relação à Bíblia. O que pensa dessas declarações e dessa polémica?

Eu creio que, nesta questão como noutras, tem que haver alguma sensatez na resposta, Estamos numa sociedade democrática até para dizer asneiras. E se o Saramago diz asneiras, as dirá e as assumirá. A Igreja não precisa de se defender sobre aquilo que acredita ser uma verdade indiscutível. É evidente que não é isso que a vai diminuir. Claro que há, nas palavras de Saramago, algum sentido de afrontamento… Muitas vezes, diante de afirmações deste género, se não há uma resposta fica a dúvida… Afinal, quem cala consente. Talvez por isso a Igreja tentasse esclarecer, para que as pessoas percebessem as circunstâncias, tentando desmontar argumentos que são ditos em certos contextos maliciosos, de forma a que as pessoas não fiquem na dúvida.
Outro exemplo é o “Código Da Vinci”… As pessoas que o lêem ficam a pensar, cada um pensa o que quer, é evidente! Foi uma opção do autor construir aquela história, até porque não há dados históricos nem se querer científicos que a possam comprovar.
As afirmações de Saramago também são ficção, ele pode dizer o que quiser. E, como diz o outro, vozes de burros não chegam ou céu. Por ser Saramago e por ser prémio Nobel, não quer dizer que seja próprio tudo aquilo que afirma. Para ele será verdade, para mim não é, de facto. O conceito de liberdade numa sociedade democrática reside no respeito, mas muitas vezes não respeitamos as convicções dos outros. É esta a minha opinião, não querendo ofender ninguém, nem pôr em causa a dignidade das pessoas. Neste sentido, penso que ele não foi muito correcto.

Relativamente à sua actividade de padre na nossa paróquia, poder-nos-á esclarecer quanto estão concluídas as obras na Igreja Matriz?

Eu penso que nunca! Porque são edifícios com história, que precisam sempre de obras. As obras maiores já estão concluídas e consistiam sobretudo em garantir a sustentabilidade do edifício, o telhado as paredes exteriores e interiores e iluminação. O essencial está concluído e está muito bem!
Falta o restauro da Igreja no que diz respeito à parte mais artística, às talhas, às telas das imagens… Nós não temos possibilidade de fazer tudo de uma vez e é nesse sentido que nunca estarão concluídas. Quando terminar de um lado, é preciso começar no outro, porque são edifícios muito antigos e que exigem muita manutenção e estão sujeitos a uma grande degradação.

Haverá outras intervenções?

As obras têm estado a acontecer, não damos por elas porque já não têm o aparato que tinham, os andaimes e o telhado… Estivemos obrigados a estar fora da Igreja, na celebração normal da missa. Neste momento, já foram recuperadas três telas e está a ser recuperada uma quarta. Vamos também restaurar dois altares laterais e esperamos que no dia 8 de Dezembro, que é o dia da Nossa Senhora da Conceição, já tenhamos o guarda-vento nas portas laterais.

Considera que a população do Crato manifestou solidariedade para com a paróquia, no respeitante à angariarão de fundos para a realização dessas obras?

Sim tenho dito e tem sido publicado no jornal. Deu-me muita alegria e satisfação ver a forma como as pessoas participaram, dando aquilo que podiam dar, com sentido de partilha… De facto, foi extraordinário. A obra não é minha, é de toda a população.

Por último, Sr. Padre Paulo, que balanço faz da sua actividade, nos últimos anos, na paróquia do Crato?

Faço um balanço positivo. Se eu vivesse aqui no Crato e convivesse mais com as pessoas, se me aproximasse mais dos jovens talvez isso me aproximasse mais das pessoas…

Trabalho Elaborado Por:
Natália Gouveia
Maria Isabel Labreca
Filomena Palmeiro